terça-feira, 26 de agosto de 2008

Diário de um rato de laboratório


Terça feira, 15 de março. 23h05min.
 Meu nome é Ma15-01a. Parece um nome estranho, mas é na verdade um código que os cientistas usam pra saber quando fomos criados. Fazem exatamente 6 horas que fui criado, demorei um pouco pra chegar aqui porque, apesar de ser criado com um supercérebro, a senha do doutor era meio difícil de descobrir. Tinha só 32 letras e 12 números.

Quinta feira, 16 de março. 22h17min.
Hoje descobri que tenho um irmão gêmeo. Nascemos no mesmo tubo de ensaio, só que ele foi criado sem cérebro. Descobri que o nome dele é Ma15-01b, porque dizia na jaula dele. Ele não fala muito, afinal, não tem cérebro...

Sexta feira, 17 de março. 00h15min.
Consegui roubar uma chave do guarda, fiz uma cópia, escondi no vaso de flores e devolvi pro guarda. Agora posso andar poraqui e abrir qualquer jaula.
Conheci um camarada novo hoje, o Jan15d. Ele recebe injeções de uma substância que faz aumentar o cérebro. Ele disse que nas primeiras semanas crescia, mas agora parou. Pelo menos com ele dá pra ter uma conversa mais ou menos interessante.

Domingo, 19 de março. 20h52min.
Levaram embora o Jan15d. Pelo que li nos exames, as experiências com ele deram certo, mas houve alguma mudança.
Tentei ensinar o meu clone a roer coisas, mas ele prefere ser alimentado pela sonda.

Terça, 29 de março. 22:35
Consegui roubar alguma comida dos seguranças. Cansei da sonda. Pra não levantar suspeitas, o meu clone fica com a minha parte da alimentação. ele parece feliz, mas engordou bastante nesses últimos dias.
Enquanto os guardas dormem, eu faço as palavras cruzadas dos jornais. Ah e também deixei eles malucos, ontem. Mudei a senha do computador do doutor.

Quarta, 30 de março. 21:49
Quase fui surpreendido escrevendo a senha do computador na testa de um dos guardas.

Quarta, 30 de março. 23:55
Acho que o meu clone não está muito bem. Preciso pensar em como fugir, se ele morrer vou ser obrigado à me alimentar pela sonda.

Terça, 6 de abril. 20:59
Meu clone engordou muito nesses últimos dias. Vieram uns cientistas estranhos fazer experiências com ele, e aumentaram a dose do soro.
A minha dosagem continua igual.
Os guardas notaram que a comida estava sumindo, e pararam de trazer ela aqui pra dentro. De volta ao soro.

Domingo, 11 de abril. 17:30
Hoje, o doutor trouxe o filho pra visitar o laboratório. Tentei me comunicar com ele, mas não deu muito certo. Ele se deu bem com o meu clone.
Achei que todos os humanos tivessem cérebros.

Segunda, 12 de abril. 20:29
Meu clone tem engordado absurdamente. Também notei que mudaram o meu soro, agora ele é verde. Depois que tomei a dose de hoje, senti umas coceiras nas orelhas.

Quarta, 14 de abril. 22:47
Os cientistas estranhos voltaram, e mostraram algum interesse por mim. Mas ficaram maravilhados com o desenvolvimento do meu clone. Não entendo bem o que os humanos falam, mas parece que falavam em algo relacionado com comida. Também notei que esses cientistas tem uma letra 'm' na cor amarela desenhadas nos chapéus, que são vermelhos.

Quinta, 29 de abril. 00:05
Os cientistas voltaram, e levaram meu clone. Agora eu divido a minha gaiola com outro camarada, mas este nem cabeça parece ter. E fica ligado no soro o dia inteiro. Em dois dias, já cresceu o dobro do meu tamanho.
Estou preocupado, nasceram uns chifres verdes em mim. E eu..


-Ô, que que aquele rato esquisito tá fazendo naquele computador?
-Seilá. Melhor pegar ele.
-Ele correu ali pra baixo! não dexa ele fugir!
-Pega! pega!
-Cadê a vassoura!
-Cuida, não vai matar o bicho hein? vão nos matar..
-Só vou deixar ele tonto. O bicho é muito rápido.
-Correu pra garagem!

Nisso, chega Osvanildo, o guarda da noite.

-Que bagunça é essa?
-Ô Nildão, tu viu o que tu acabou de fazer?
-Quê?
-Tu pisou em cima daquele rato esquisito.
-Viche... mas eu nem vi. Isso é um rato?
-Acho que era...
-Mas eu nunca tinha visto um com chifres.. e verdes.
-E agora?
-Seilá, pega um daqueles ratos gordos que o pessoal do macdonalds recusou e bota no lugar.

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