quarta-feira, 20 de maio de 2009

Outra hora eu termino este


Semana passada eu peguei um encaminhamento pra fazer um exame. No encaminhamento, diz que preciso fazer um jejum de 10 horas.

Fiquei pensando nessa palavra.

Jejum.

Pra mim parece uma palavra meio genérica que poderia significar qualquer outra coisa.

Daí eu fiquei pensando que tem um monte de palavras que são meio genéricas e que poderiam significar qualquer coisa. Sabão, por exemplo. Sabão só nos lembra que é algo de limpeza porque a  gente tá acostumado com essa idéia, senão poderia ser qualquer outra coisa. Sem contar que poderia ser algo que fosse mais fácil de saber como se escreve o plural, já que ninguém sabe se é 'sabãos' ou 'sabões' - ou seja, se segue a mesma regra de 'pão - pães' ou 'mão - mãos'. E eu aposto que nem os fabricantes de sabão sabem ao certo, já que escrevem 'contém 4 unidades' ao invés de 'contém 4 sabões' - sem contar os de sabão em pó, que dão à entender que na caixa tem apenas um sabão que foi ralado até virar pó, quando na verdade todo mundo sabe que são vários sabãos.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Perseguição


Uma das frases mais verdadeiras é aquela que diz que 'a solução do problema muda o problema'.

Quando eu troco um site de servidor, tenho que baixar todos os arquivos pro meu computador, pra depois enviar de novo pro novo lugar.
Quando o site é simples, isso é tranquilo. Nunca demora muito, porque o arquivo normalmente fica pequeno.
Mas quando o site tem um visual mais cheio de frescurinha, demora muito porque o arquivo fica muito grande.

Até que um dia eu descobri um jeito de enviar os arquivos de um servidor direto pro outro, sem precisar baixar pro meu pc. O que eu levava meia hora pra baixar, e uma hora pra enviar pro lugar novo, era feito em segundos.

Até que contrataram um novo servidor que não me deixa fazer isso. Ou seja, tenho que baixar e enviar tudo de novo...

..e enquanto isso, eles tão lá esperando eu receber e enviar, pra pegar as novas senhas pra voltar a usar o site. E provavelmente reclamando da minha demora.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Mais uma pequena tradução


Uma historinha que mostra a diferença entre homens e mulheres.

Digamos que um cara chamado Roger está atraído por uma mulher chamada Elaine. Ele a convida para ir ao cinema, ela aceita. Eles se divertem muito. Algumas noites depois, ele a chama pra jantar, e novamente eles se divertem. Eles continuam se vendo regularmente, até que um tempo depois nenhum deles sai com mais ninguém, apenas os dois.

Então, uma noite quando eles estão dirigindo pra casa, um pensamento ocorre à Elaine e, sem pensar muito, ela diz: "Você notou que, hoje, fazem exatamente 6 meses que estamos saindo?"

Então, há um silêncio no carro. Para Elaine, parece um silêncio alto demais. Ela pensa consigo: 'Nossa, será que ele se incomodou por eu ter dito isso? Talvez ele se sinta preso pelo nosso relacionamento, talvez ele pense que estou tentando arrastá-lo pra algum tipo de obrigação que ele não quer, ou não tem certeza'.

E Roger está pensando. 'Credo. Seis meses.'

E Elaine está pensando: 'Mas, ei, eu não tenho certeza de que quero este tipo de relacionamento, também. Ás vezes eu queria ter um pouco mais de espaço, pra que eu tenha tempo de pensar se eu realmente quero que as coisas continuem como estão indo... digo, onde estamos indo? Vamos apenas continuar saindo, sem muita intimidade? Vamos nos casar? Ter filhos? Ter uma vida juntos? Será que estou pronta pra esse tipo de compromisso? Será que eu ao menos realmente posso dizer que o conheço?'

E Roger está pensando:' ... então quer dizer... vejamos... Fevereiro, quando começamos à sair, foi logo depois que eu busquei o carro na oficina, o que significa... deixa ver o odômetro... opa! preciso mandar trocar o óleo!'

E Elaine está pensando: 'Ele está cansado. Posso ver no seu rosto. Talvez eu esteja entendendo isso errado. Talvez ele queira mais do nosso relacionamento, mais intimidade, mais comprometimento, talvez ele tenha sentido - mesmo antes de eu sentir isso - que eu esteja me reservando. Sim, eu aposto que é isso. É por isso que ele reluta tanto pra dizer algo sobre o que sente. Ele tem medo de ser rejeitado.'

E Roger está pensando: 'Eu preciso mandar revisar a transmissão de novo. Não me importa o que aqueles idiotas digam, ainda não tá funcionando direito. E é melhor eles não tentarem culpar o frio desta vez. Que frio? está 15° lá fora, e esta coisa funciona como um caminhão de lixo, e eu paguei praqueles ladrões R$600.'

E Elaine está pensando: 'Ele está bravo. E eu não o culpo. Eu estaria brava, também. Eu me sinto tão culpada, por fazê-lo passar por isso, mas isso não muda o que eu sinto. Eu simplesmente não tenho certeza.'

E Roger está pensando: 'Eles provavelmente vão dizer que a garantia já acabou. É exatamente o que eles vão dizer, aqueles otários.'

E Elaine está pensando: 'Talvez eu seja idealista demais, esperando um cavaleiro chegar em seu cavalo branco, enquanto eu estou do lado de uma pessoa perfeiamente boa, uma pessoa que eu gosto de estar junto, uma pessoa que eu realmente me preocupo, uma pessoa que realmente parece se preocupar comigo. Uma pessoa que está triste por causa do meu egoísmo, de minha fantasia de menininha.'

E Roger está pensando: 'Garantia? Eles querem uma garantia? Eu vou lhes dar uma garantia. Eu vou pegar a garantia deles e enfiar no...'

"Roger", Elaine diz alto.

"O que?", Roger diz.

"Por favor, não se torture deste jeito", ela diz, com os olhos marejando. "Talvez eu não devesse ter... oh, eu sinto muito..."

(Ela começa a soluçar)

"O que?", Roger diz.

"Eu sou tão boba," Elaine diz, solulçando. "Digo, eu sei que não há nenhum cavaleiro. É bobo. Não há nenhum cavaleiro, e nenhum cavalo."

"Não tem cavalo?", diz Roger.

"Eu sou uma boba, você não acha?" diz Elaine.

"Não!", diz Roger, feliz por finalmente saber o que dizer.

"É que... que.. eu... eu preciso de algum tempo", Elaine diz.

(Há uma pausa de uns 15 segundos enquanto Roger, pensando o mais rápido que pode, tenta achar uma resposta segura. Finalmente ele acha uma que deve funcionar).

"Sim", ele diz.

(Elaine, emocionada, pega a mão dele)

"Oh, Roger, você realmente acha isso?", ela diz.

"Isso o quê?", diz Roger.

"Sobre o tempo", diz Elaine.

"Ah," diz Roger. "Sim."

(Elaine fica face a face com ele e olha profundamente nos seus olhos, fazendo com que ele fique nervoso pelo que ela pode dizer agora, especialmente se incluir um cavalo. Então, ela diz.)

"Obrigado, Roger," ela diz.

"Obrigado," diz Roger.

Então ele a leva até a casa dela, e ela vai dormir, com uma alma em torturada e em conflito, e lamenta até o amanhecer, enquanto Roger volta pra casa, abre um pacote de salgadinhos, liga a tv e imediatamente se ocupa com uma reprise de uma partida de tênis entre dois Tcheckoslováquios que ele nunca ouviu falar. Uma vozinha lá o fundo de sua mente o diz que algo maior esteve acontecendo no carro, mas ele tem certeza de que não há jeito de entender, então ele pensa que é melhor não pensar sobre isso.

No próximo dia Elaine chama a sua melhor amiga, ou talvez duas delas, e elas vão falar sobre o que aconteceu por 6 horas seguidas. Em minuciosos detalhes, elas vão analizar tudo o que ela disse, repetindo várias vezes, explorando cada palavra, expressão e gesto, procurando significados, considerando cada possível ramificação. Elas vão continuar discutindo o assunto por semanas, talvez meses, nunca encontrando decisões conclusivas, mas nunca se cansando isso.

Enquanto isso, Roger, enquanto joga futebol com um amigo que tem em comum com Elaine, vai parar por um minuto antes de pegar a bola, e seriamente diz:

"Norm, Elaine já teve um cavalo?"

(Original em: http://www.blameitonthevoices.com/2008/05/difference-between-men-and-women-in.html)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Contos Culinários


Vamos tentar uma abordagem diferente.
Vamos tentar escrever algo tipo 'auto-ajuda' e tornar este blog um pouco menos inútil.

Pois é.

Você é uma pessoa importante (eu ia escrever 'tu', mas acho que nunca vi algum livro de auto-ajuda onde estivesse escrito 'tu'). Seja lá por qual motivo, você é importante, porque... hã... porque deve ser, seilá. Talvez nem seja, mas se alguém começou a ler um livro de auto-ajuda, é o que ela espera ler. Ou não, na verdade se ela precisa de um livro de auto-ajuda, provavelmente ela acha que não é, mas isso não quer dizer que ela não espere ler que é importante. E com isso eu acabo de me contradizer, mas enfim.
Acho melhor tentar de novo.

Cada ser vivo é uma criatura.
Digo, uma criatura única. Mesmo os clones devem ter alguma diferença, e se não tem, eles são só a exceção que prova essa regra. Logo, cada ser vivo é único exceto os clones.
Pense nisso que eu acabei de escrever.
Vai, pensa mais um pouco.

É, não faz muito sentido, mesmo. Mas olha só como são as coisas. Tu, uma criatura única nesse universo, tá ali na cozinha, descascando uma batata, outra criatura única neste mesmo universo (batatas são parecidas mas não são clones, portanto são únicas). Duas criaturas únicas que se encontram. Podia ser um outro 'tu' qualquer, ou uma outra batata qualquer, mas não. É tu e aquela batata, mais ninguém. Não é uma batata muito bonita, o que torna a coincidência ainda maior, já que se fosse uma batatona linda de morrer provavelmente não seria por coincidência e sim por ela ser uma batatona linda de morrer, e não por tu ser um mau escolhedor de batatas, o que só se percebe na hora de descascar ela e ter que ficar tirando aqueles trocinhos que eu não sei o nome.

Mas enfim, tu descasca a batata, cozinha, enjambra um molho e depois come ela. E tu acha que acaba poraí a existência desta batata não-tão-bonita?

É claro que acaba, oras.

(Nota: ao contrário do que possa parecer, isso não é uma metáfora. E vale explicar que a parte da batata não ser bonita eu inventei agora, porque esqueci o que eu tinha pensado ontem enquanto descascava ela.)